18 janeiro 2015

Por que o aquecimento global não está sendo provocado pelo Sol

Algumas pessoas imaginam que os climatologistas estão errados. Aceitam que haja o aquecimento global, mas acreditam que a atividade humana não é sua principal causa. Defendem a ideia de que o aquecimento decorre de uma variação na intensidade de radiação solar que chega à Terra. O que dizem os cientistas? Dizem que, nos últimos 35 anos, o Sol e o clima têm andado em direções opostas.


Ao longo dos últimos 30 anos de aquecimento global, houve diminuição da atividade solar. O Sol e  o clima da Terra estão indo em direções opostas. Essa tendência tem levado os cientistas a concluírem que o Sol não pode ser a causa do aquecimento global recente.

Um dos mais comuns e persistentes mitos sobre o aquecimento global é o de que o Sol é a causa. Esta tese é defendida com o uso de uma manipulada seleção de dados, pela qual se mostra que, no passado, já ocorreu a correlação entre aumento de temperatura e maior atividade solar, mas ignorando as últimas décadas, quando os dois fatores apresentam flagrante divergência.


Quer saber mais sobre o que a ciência diz sobre o aquecimento global? Consulte o texto The Scientific Consensus on Climate Change.

04 abril 2014

Normais climatológicas de Porto Alegre 1931-1960


Essas são as normais climatológicas de Porto Alegre no período 1931-1960. Clique na imagem para vê-la ampliada.

22 janeiro 2014

2013: 4º ano mais quente no planeta desde 1880

Em português, o resumo do relatório do NDCD/NOAA sobre como se comportou a temperatura em 2013:

O ano de 2013 igualou-se a 2003 como o 4º ano mais quente no mundo desde que os registros começaram em 1880. A temperatura anual média em superfícies terrestres e oceânicas globais foi de 0,62°C acima da média do século 20 e marca o 37º ano consecutivo (desde 1976) em que a temperatura anual ficou acima da média de longo prazo. Atualmente, o ano mais quente já registrado foi 2010, com temperatura 0,66°C acima da média. Até o momento, incluindo o de 2013, 9 dos 10 anos mais quentes já registrados ocorreram durante o século 21. Apenas um do século 20 - 1998 - foi mais quente do que 2013. A temperatura anual global aumentou a uma taxa média de 0,06°C por década desde 1880 e a uma taxa média de 0,16°C por década desde 1970.

Relatório completo : http://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global/2013/13

20 janeiro 2014

Entrevista do glaciologista Jefferson Simões ao IHU Online

“Por meio da glaciologia foi possível detectar o impacto da poluição global devido à ação humana no período pós-revolução industrial”, garante o glaciologista e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera.
Bolha de ar congelado preserva atmosfera. Foto: BBC
Isoladas do mundo moderno, seja pelo clima inóspito, seja pelas longas distâncias, as grandes geleiras têm muito a dizer sobre o nosso planeta. E descobrir a riqueza de informações armazenadas sob camadas e camadas de neve é a tarefa da glaciologia e dos estudos dos testemunhos do gelo. De acordo com o glaciologistaJefferson Simões, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o estudo consiste na “reconstrução da história do clima e da composição química da atmosfera a partir das amostras de neve e gelo que acumularam através de milhares e milhares de anos”.
A pesquisa sobre a atmosfera do passado foi capaz de traçar um panorama deste cenário pelos últimos 800 mil anos. Simões relata que graças a esses estudos é possível afirmar que nunca a concentração de gases do efeito estufa foi tão alta quanto no presente. “O efeito estufa é um processo natural”, evidencia ele. “O que vivenciamos é o efeito estufa intensificado, que é um processo antropogênico e que consiste na maior emissão de gases que já existem na natureza.”
Em entrevista concedida por telefone à IHU On-LineSimões esclarece os principais equívocos nas discussões envolvendo o aquecimento global e o derretimento das “calotas polares”, demonstrando a importância do papel das regiões geladas para o clima do planeta. Chama a atenção também para a polêmica daqueles que refutam o argumento do aquecimento global – incentivada por grupos de pressão para incitar o negacionismo do conhecimento científico. “Alguns lugares aquecem mais e outros inclusive esfriam, mas na média temos um aumento da temperatura na superfície do planeta”, defende.
Jefferson Simões foi pioneiro no Brasil nos estudos do gelo e, atualmente, é pesquisador líder do Programa Antártico-Brasileiro. O Proantar, como é chamado, é um programa da Governo Federal para pesquisa no Continente Antártico. Criado em 1982, mantém uma estação de pesquisa durante todo o ano na Antártica (Estação Antártica Comandante Ferraz). Em 25 de fevereiro de 2012, um incêndio danificou 70% da Estação. No entanto, a pesquisa não foi interrompida, e vários acampamentos sazonais, além de dois navios de investigação e um módulo autônomo, colaboraram para que os estudos prosseguissem.
E qual seria a importância para um país tropical também fincar sua bandeira no continente gelado, marcando presença política e cientificamente? Para o glaciologista a resposta é clara e remete à história geológica do mundo.Simões lembra que a Antártica foi parte do supercontinente Gondwana, que há cerca de 200 milhões de anos reunia todos os demais continentes do hemisfério sul. “A Antártica é parte integral do sistema Terra e se quisermos melhorar e ter um processo sustentável para este planeta, ela sempre estará incluída”, pontua ele. Mais do que isso, a Antártica também é o último ambiente totalmente preservado e é preciso criar novas maneiras para explorá-lo de maneira sustentável. “Se falharmos com a Antártica, certamente vamos falhar com o resto do planeta também”, conclui Simões.
Jefferson Cardia Simões é professor do Instituto de Geociências da Ufrgs. Possui graduação em Geologia pela mesma universidade, doutorado em Glaciologia pelo Scott Polar Research Institute (SPRI) da Universidade de Cambridge e pós-doutorado pelo Laboratoire de Glaciologie et Géophysique de l'Environnement (LGGE) do Centre National de la Recherche Scientifique - CNRS.
Simões é criador do Centro Polar e Climático da Ufrgs e atualmente é coordenadord-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera e o delegado nacional no Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR) do Conselho Internacional para a Ciência.
O glaciologista Jefferson Simões. Foto: ABC
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Fenômenos como o efeito estufa, o aquecimento global e o derretimento das calotas polares são frequentemente vistos como fatores relacionados. De que forma realmente se estabelece a relação entre eles?
Jefferson Simões - Esses termos se tornaram jargões que escondem as definições adequadas. O efeito estufa é um processo natural, que permite que a temperatura média do planeta esteja ao redor de 14,6º. O que vivenciamos é o efeito estufa intensificado, que é um processo antropogênico e que consiste na maior emissão de gases que já existem na natureza - como o dióxido de carbono(CO2) e o metano (CH) - que acumulam, aumentando a concentração na atmosfera. Essa intensificação, que ocorreu principalmente após o início da Revolução Industrial, levou, por exemplo, a um aumento de 40% na concentração do CO2 nos últimos 200 anos. Além disso emitimos alguns gases artificias que também intensificam o efeito estufa.
Tudo isso intensifica o efeito estufa, o que, entre várias de suas consequências, pode levar a um aquecimento da atmosfera. Então os cientistas falam geralmente em mudanças do clima induzidas por mudanças da composição química da atmosfera, das quais uma das consequências seria o aquecimento atmosférico. O jargão“aquecimento global” é considerado não adequado, mesmo porque o que temos é mudança na temperatura da atmosfera. Alguns lugares aquecem mais e outros inclusive esfriam, mas na média temos um aumento da temperatura na superfície do planeta.
Já no caso das calotas polares, este também é um termo arcaico que não deve ser usado, porque não é uma informação geográfica fidedigna. Ele não informa sobre os processos que realmente estão ocorrendo nas regiões polares. Não identifica as diferentes formas de gelo que existem nas regiões polares e que respondem de maneiras diferentes às mudanças do clima, que como eu enfatizo não é só um aquecimento da atmosfera. “Calotas polares”misturam principalmente três tipos de gelo diferentes no planeta: os mantos de gelo, que no caso da Antártica chega a quase 14 milhões de quilômetros quadrados, com espessura média de dois quilômetros - esse é um dos tipos de gelo, e as geleiras também estariam aí, que chamamos de gelo glacial; também existe o “mar congelado” ou “gelo marinho”; e finalmente temos o permafrost, um solo permanentemente congelado que também responde às mudanças do clima.
Então é muito difícil e errado simplificar que o aquecimento da atmosfera derrete as calotas polares. Essa afirmação está errada do ponto de vista geográfico e glaciológico. É claro, isso não quer dizer que esse gelo do planeta como um todo não esteja respondendo às mudanças do clima, quer naturais ou induzidas pelo homem.
IHU On-Line - Quais os fatores envolvidos no aquecimento global?
Jefferson Simões - Temos que falar em mudanças no clima na escala global, que envolvem sim o aumento da temperatura média da atmosfera - para o qual o jargão seria aquecimento global -, mas também mudanças nos padrões de precipitações, de ventos, aumento da frequência de eventos extremos, como enxurradas, cheias, secas... Ou seja, o processo de mudanças do clima é muito mais complexo do que somente o termo aquecimento global.
IHU On-Line - Críticos das perspectivas apocalípticas do aquecimento global citam fenômenos cósmicos, mais do que qualquer ação humana, como os grandes responsáveis pelo aumento das temperaturas. Como você encara estas afirmações, tendo em vista fenômenos como o Mínimo de Maunder ou o Mínimo de Dalton, quando a ausência de manchas solares coincidiu com uma "pequena idade do gelo" na Europa?
Jefferson Simões - Isso se trata de informações totalmente infundadas. Cabe dizer que 98% dos pesquisadores, nos artigos publicados internacionalmente, indicam que as mudanças do clima que estão ocorrendo, inclusive o aumento da temperatura da atmosfera ao longo dos últimos 50 anos, têm sim já uma influência do homem. Ou seja, nós mudamos a química da atmosfera e estamos mudando o balanço de energia do planeta. Mais importante a saber nessa história e nessas críticas é que essas pessoas mostram desconhecimento total da ciência chamada paleoclimatologia, a ciência que estuda há 200 anos a evolução do clima, e que considera evidentemente a variabilidade de manchas solares, de processos cósmicos - principalmente nas variações dos parâmetros orbitais, que chamamos de ciclos de Milankovitch, em diferentes escalas de tempo. Essas críticas demonstram a falta de conhecimento ou, pior ainda, como já foi constatado, envolve grupos de pressão geralmente ligados à extrema direita norte-americana, que iniciaram há 20 anos uma campanha de falsificações das informações para entregar um processo de negação - e por isso nós os chamamos de negacionistas - do conhecimento científico sobre as mudanças da química da atmosfera e do clima do planeta induzido pelo homem.
IHU On-Line - Qual a importância da glaciologia para a compreensão do clima mundial? Em que consiste os testemunhos do gelo?
Jefferson Simões - A ciência glaciológica fornece dois tipos de informações essenciais para o estudo das mudanças do clima. Primeiro os testemunhos de gelo, que são a reconstrução da história do clima e também da composição química da atmosfera a partir das amostras de neve e gelo que acumularam através de milhares e milhares de anos. Hoje nós já temos dados de 800 mil anos, onde reconstruímos a composição química da atmosfera ao longo de todo esse período e, por isso, e só por esse tipo de estudo, podemos afirmar que nunca nos últimos 800 mil anos as concentrações de CO2 e CH4 estiveram tão altas quanto estão no presente. Temos esse registro de milhares e milhares de anos.
Mais do que isso, o estudo de testemunhos de gelo são uma forma elegante de reconstruir, muitas vezes até com os detalhes sazonais, a temperatura da atmosfera do planeta, eventos de erupções vulcânicas, a tendência de maior ou menor área de mar congelado e, portanto, de épocas mais frias e mais quentes, a variação nas áreas de onde vem a precipitação – se cai na Antártica ou mesmo nas geleiras dos Andes e outras montanhas. Mais modernamente, por meio da glaciologia, foi possível detectar nos testemunhos de gelo o impacto da poluição global devido à ação humana no período pós-revolução industrial. Seu potencial para informações fornecidas para a ciência do meio ambiente é bastante amplo.
Outro é o caso exatamente da questão da avaliação do impacto das mudanças climáticas da massa de gelo do planeta, o que nós chamamos de criosfera. São cerca de 30 milhões de quilômetros cúbicos de gelo que existem no planeta, e que respondem, em diferentes escalas de tempo, às mudanças do clima - principalmente aumento ou diminuição de temperatura. Então a comunidade de glaciologia monitora principalmente as geleiras pequenas, que são aquelas que respondem mais rapidamente. A partir disso, poderemos determinar qual é a contribuição do derretimento das geleiras para o aumento do nível do mar.
IHU On-Line – O aumento do nível do mar devido ao derretimento do gelo dos polos é algo possível? Por quê?
Jefferson Simões - Nós temos um serviço de monitoramento das geleiras há mais de 160 anos, e hoje satélites como o Cryosat, da Agência Espacial Europeia, e o ICEsat, da NASA, monitoram os grandes mantos de gelo daAntártica e da Groelândia. O que eu falei foi que existe desconhecimento, inclusive um erro entre os diferentes tipos de gelo no planeta. O que contribui para o aumento do nível do mar são os mantos de gelo da Antártica e daGroelândia e das geleiras, que foram formados pela precipitação e acumulação de neve através de milhares de anos e estão em cima de ilhas ou de continentes. Ao derreter, vão levar ao aumento do nível do mar. Infelizmente, tanto a imprensa quanto as pessoas não informadas confundem isso com o mar congelado, como o Oceano Ártico, que pode derreter totalmente e não vai contribuir para o aumento do índice do mar porque está flutuando. É simplesmente a aplicação básica do Princípio de Arquimedes.
IHU On-Line - De que maneira a diminuição da espessura do mar congelado é afetada pelo aumento das temperaturas? Como isso impacta o meio ambiente nas perspectivas local e global?
Jefferson Simões - Na verdade o que está acontecendo no Ártico é o desaparecimento é a redução da área do mar congelado. O mar congelado não só está diminuindo de área, a área que é congelada do mar, mas também a sua espessura. Mas lembro que a espessura desse gelo é de três a cinco metros, e embaixo tem um Oceano. No momento em que se tira esse cobertor do Oceano, muito mais energia é perdida para a atmosfera, aquecendo ainda mais o ar. Ao aquecer a atmosfera, intensifica-se o processo de aquecimento em todo o Ártico e isso afeta o clima doHemisfério Norte como um todo. Na Antártica o cenário ainda não está claro, na verdade tem inclusive aumentado um pouco a extensão do gelo marinho por um processo muito mais complexo.
Ao desaparecer gelo marinho, afeta-se a biota, principalmente os microrganismos que vão receber mais radiação, especialmente ultravioleta, porque nós tínhamos uma capa de mar congelado protegendo essa biota. Cortamos rotas de migração das espécies maiores, principalmente dos grandes mamíferos - e não estamos falando só de ursos polares, mas de raposas e outros.
Afetamos diretamente a teia alimentar, e tem que ocorrer uma adaptação. Por outro lado, esta alteração também força modificações políticas e geopolíticas. Hoje a abertura do Oceano Ártico está permitindo a navegação de navios não quebra-gelos entre a Europa e a Ásia via Ártico, e isso deve afetar primeiramente o mercado de transporte marítimo. Também existem estudos, principalmente da Rússia e dos Estados Unidos, que estão mudando a estratégia militar naval, de uma estratégia submarina para uma de superfície, porque agora vai se poder entrar com navios que navegam na superfície.
IHU On-Line - Em 25 de fevereiro de 2012, um incêndio danificou 70% da Estação Antártica Comandante Ferraz. As perdas de dados e especialmente equipamentos já foram recuperadas?
Jefferson Simões - Na verdade nunca houve perda de dados. O que aconteceu é que perdemos a Estação Antártica Comandante Ferraz que, naquela época, só tinha 30-40% de todas as nossas pesquisas. Isso é outro grande erro que sai na imprensa, sobre o papel da Estação Antártica Comandante Ferraz. Ela é importante por três motivos: é uma base para pesquisa em algumas áreas específicas da ciência Antártica brasileira - principalmente na biologia marinha e ciências da atmosfera; ela dá apoio logístico para o resto do programa; e também tem um aspecto político, que é a casa do Brasil na Antártica.
Cerca de 60-70% da pesquisa científica brasileira na Antártica não é feita nessa Estação. É feita em navios e em acampamentos, ou mesmo no módulo Criosfera I, que está a 2,5 mil quilômetros ao Sul da Estação Antártica Comandante Ferraz. Imagine, essa é a distância entre Rio de Janeiro e Belém. E esse módulo, que é de responsabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do INPE e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, está plenamente funcional. Ou seja, o que nós perdemos é aquela estrutura da Estação. Já temos agora módulos emergenciais permitindo que desde o verão de 2013 - 2014 se voltasse plenamente à pesquisa Antártica mesmo no local da Estação. A Estação em si só deve ser construída ou finalizada em 2016-2017 devido, principalmente, ao aspecto logístico, que permite que possamos construir alguma coisa somente entre dezembro e março.
IHU On-Line - Por que estar na Antártica? Qual a relevância de um projeto brasileiro para estudar o continente?
Jefferson Simões - A Antártica, antes de tudo, é importante porque é parte essencial do sistema clima. É o principal sorvedouro de energia, no nosso jargão de climatologia. Ela coordena toda a circulação atmosférica e oceânica; 80% das águas frias dos oceanos são formadas embaixo de gelo da Antártica. Basta lembrar aos gaúchos que as friagens, ou frentes frias que entram de tempos em tempos, são formadas no Oceano Austral ao redor da Antártica.
Compreender o papel da Antártica no meio ambiente global é essencial para a preservação ambiental, previsão meteorológica e climática, preservação dos recursos marinhos renováveis (a biota antártica é evidentemente parte da teia alimentar global).
A Antártica foi também, no passado, parte do supercontinente de Gondwana, e evidentemente a evolução geológica da Antártica está associada à evolução geológica de todo o planeta, principalmente dessas massas continentais que formavam aquele supercontinente: a América do Sul, a África, a Índia, a Austrália, a Nova Zelândia e a Antártica. Ou seja, a Antártica é parte integral do sistema Terra, e se quisermos melhorar e ter um processo sustentável para esse planeta, ela sempre estará incluída.
IHU On-Line - Você foi o primeiro brasileiro a se especializar na glaciologia. Qual foi o seu interesse em estudar essa ciência?
Jefferson Simões - Na verdade, fui o pioneiro na ciência glaciológica não só no Brasil, mas na língua portuguesa, e o interesse básico foi sempre a preocupação com a questão ambiental, de ser pioneiro e trazer uma nova área de ciência para o Brasil, e também a própria atração, eu diria até lúdica, do programa Antártico-Brasileiro, que permite realizar expedições e trabalhar com uma gama muito interessante de profissionais, desde cientistas - cientistas da natureza, físicos e cientistas sociais -, passando também por diplomatas do Itamaraty e militares que cuidam da logística. Ou seja, é um meio muito rico profissionalmente e permite uma visão inter e multidisciplinar da ciência e, eu diria, da realidade.
IHU On-Line - Quais as perspectivas de pesquisas para o ano de 2014?
Jefferson Simões - Nesse final do ano o programa acabou de aprovar um edital. Tivemos 20 projetos de pesquisas selecionados. Então vão começar a se intensificar as pesquisas de campo na Antártica no verão de 2014 e 2015, e principalmente nós aqui iniciaremos algumas travessias no manto de gelo da Antártica, a 2,5 mil quilômetros ao Sul de Ferraz - inclusive com a colocação do segundo módulo automatizado, que vai ser chamado Criosfera II, onde nós vamos ter não apenas a coleta de dados meteorológicos, da química da atmosfera e de novos testemunhos de gelo e geofísica de geleiras. Também pretendemos implementar um plano de ação para toda a ciência antártica brasileira conforme orientação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
IHU On-Line - Deseja acrescentar mais alguma coisa?
Jefferson Simões - Gosto sempre de lembrar que a Antártica é a nossa última chance para protegermos parte deste planeta. Se falharmos com a Antártica, certamente vamos falhar com o resto do planeta também.
Por Andriolli Costa e Ricardo Machado
IHU Online, 9/1/2014

29 setembro 2013

Estação meteorológica automática de São Leopoldo completa três anos de funcionamento



Na última quarta-feira, dia 25 de setembro de 2013, a estação meteorológica automática do bairro Cristo Rei, em São Leopoldo, completou três anos de funcionamento ininterrupto. Desde que começou a operar, no pátio de minha casa, a estação sempre esteve online, informando as condições do tempo pela internet em tempo real.
Todo dia, centenas de pessoas acessam seus dados por uma das diferentes páginas onde as informações se encontram disponíveis. Até mesmo a Prefeitura de São Leopoldo beneficiou-se com as informações da estação numa oportunidade em que pediu auxílio da Defesa Civil Nacional para reparar danos provocados por uma grande enxurrada.
Seus dados integram redes das quais participam milhares de outros proprietários de estações meteorológicas automáticas espalhadas pelo planeta: a rede da Underground Weather, com cerca de 25.000 estações, e o Citizen Weather Observer Program (CWOP), ligado ao NOAA, dos Estados Unidos.
A disponibilização das informações meteorológicas para o público atende a uma premissa, na qual acredito e que tento pôr em prática: a informação meteorológica é um bem público, e deve ser gratuitamente disponibilizada a toda a comunidade.
A meteorologia é uma ciência, como a astronomia, em que há uma grande colaboração entre profissionais e amadores. Meus blogs que tratam do tempo, junto com essa estação meteorológica, são a modesta contribuição de um amador apaixonado pelos fenômenos meteorológicos.
Eis alguns sites em que se pode obter informações da estação automática:
Além disso, seus dados podem ser acompanhados também em telefones celulares:

27 setembro 2013

A amadora paixão pela meteorologia

No mundo inteiro, a meteorologia, assim como a astronomia, não é apenas uma atividade profissional. O trabalho dos meteorologistas profissionais é imprescindível, mas a paixão pela ciência do tempo é vivida também por milhões de pessoas que se dedicam à meteorologia como amadores, muitas vezes colaborando com órgãos governamentais. Este blog é um humilde exercício amador de difusão de informações meteorológicas.

12 agosto 2013

Os 10 anos mais quentes registrados na Terra aconteceram nos últimos 15 anos, informa o NOAA

2012 State of the Climate: Earth's Surface Temperature

Why it matters

Of all the planets in our neighborhood, Earth has a surface temperature that is uniquely friendly to life. That friendliness is the result of a balancing act between incoming sunlight and outgoing thermal energy—the heat radiated back to space by everything in the Earth system, from land to oceans to clouds and, especially, by the gases in the atmosphere. Everything from sea ice concentrations, to plant productivity on land and in the oceans, to the strength of tropical cyclones is influenced by Earth’s surface temperature.

Conditions in 2012

The global surface temperature ranked among the top 10 warmest years on record. Over land and ocean combined, 2012 was between 0.14° and 0.17° Celsius  (0.25°and 0.31° Fahrenheit) above the 1981–2010 average, depending on the analysis. The globally averaged annual temperature over land was 0.24°–0.29°C (0.43°-0.52°F) above average. And averaged globally, the 2012 ocean temperature was 0.10°–0.14°C (0.18°-0.25°F) above average.
Surface temperatures in 2012 compared to the 1981-2010 average. NOAA map by Dan Pisut, NOAA Environmental Visualization Lab, based on based on Merged Land and Ocean Surface Temperature data from the National Climatic Data Center.
The most prominent warmth during the year was seen across the Northern Hemisphere higher latitudes, specifically the contiguous United States, the eastern half of Canada, southern Europe, western Russia, and the Russian Far East. However, Alaska, the western parts of Canada, eastern Australia, and parts of central Asia all saw cooler than average temperatures during the year.
Nearly all of the ocean surface was warmer than average with the exception of parts of the northeastern and central equatorial Pacific Ocean, parts of the southern Atlantic Ocean, and some regions of the southern oceans. The beginning of 2012 did see some of the lingering cooling effects of La Niña, but they dissipated quickly. Temperatures in 2012 were slightly higher than those of 2011.

Change over time

Earth’s average annual surface temperature is higher today than it was when record keeping began in the mid- to late 1800s, an indicator of long-term, global-scale climate warming. All of the top ten warmest years in the record have occurred since the last major El Niño event, in 1998.
Earth’s average annual surface temperature is higher today than it was when record keeping began more than a century ago. The red line shows how far above or below the 1981–2010 average (dashed line at zero) the combined land and ocean temperature has been each year since 1880. The data shown are from NOAA’s National Climatic Data Center, one of several temperature analyses included in the State of the Climate in 2012, all of which show a similar warming trend. Graph adapted from Figure 2.1, in BAMS State of the Climate in 2012.
Since 1976, every year including 2012 has had an annual temperature above the long-term average. Including the 2012 temperature, the rate of warming is 0.06°C (0.11°F) per decade since 1880 and a more rapid 0.16°C (0.28°F) per decade since 1970, according to the 2012 annual report from NOAA's National Climatic Data Center.

References

Sánchez-lugo, A., J. J. Kennedy, and P. Berrisford: 2013: [Temperature] Surface temperature [in “State of the Climate in 2012”]. Bull. Amer. Meteor. Soc., 94 (8), S11–S12.
Global Climate Change Impacts in the United States, Thomas R. Karl, Jerry M. Melillo, and Thomas C. Peterson, (eds.). Cambridge University Press, 2009.
NOAA National Climatic Data Center, State of the Climate: Global Analysis for Annual 2012, published online December 2012, retrieved on July 23, 2013 fromhttp://www.ncdc.noaa.gov/sotc/global/2012/13.